Especialistas estimam que 2017 OF201, localizado depois de Netuno, possui um diâmetro de 700 km, o que o torna o segundo maior objeto conhecido na região – atrás apenas de Plutão
Uma equipe liderada pelo Instituto de Estudos Avançados, nos Estados Unidos, descobriu um extraordinário objeto transnetuniano (TNO) no limite do Sistema Solar, que pode ser um planeta-anão — uma espécie de “primo” de Plutão, planeta considerado anão desde 2006.
O corpo inédito é um dos objetos visíveis mais distantes já encontrados na órbita do Sol, e seu avistamento só foi possível graças a métodos computacionais avançados para identificar o padrão característico da trajetória do objeto no céu. O seu achado ainda sugere que a porção “vazia” do espaço que se acreditava existir além de Netuno, no Cinturão de Kuiper, não é, de fato, vazia.
Detalhes observados pelos cientistas foram descritos em um artigo disponibilizado na quarta-feira (21) na plataforma arXiv. O texto ainda não foi revisado por pares, mas seus resultados já foram compartilhados de maneira oficial pelo Centro de Planetas Menores da União Astronômica Internacional.
O que já se sabe sobre 2017 OF201?
Objetos transnetunianos são planetas menores que orbitam o Sol a uma distância média maior que a órbita de Netuno. Assim, o TNO recém-identificado é especial por dois motivos: sua órbita extrema e seu grande tamanho.
“Verificamos que o afélio do objeto (ponto mais distante do Sol na órbita) é mais de 1.600 vezes maior que a órbita da Terra”, explica Sihao Cheng, pesquisador líder do projeto, em comunicado. “Enquanto isso, seu periélio (ponto mais próximo do Sol em sua órbita) é 44,5 vezes maior que a órbita da Terra, semelhante à órbita de Plutão”. Veja imagem produzida pelos cientistas:

Essa órbita extrema, que leva aproximadamente 25 mil anos para o objeto completar, sugere uma história complexa de interações gravitacionais. Acredita-se que 2017 OF201 deve ter tido um encontro próximo com um planeta gigante, o que o levou a ser ejetado para uma órbita ampla.
“Pode ter havido mais de uma etapa em sua migração. É possível que este objeto tenha sido primeiro ejetado para a nuvem de Oort, a região mais distante do nosso Sistema Solar, que abriga muitos cometas, e depois enviado de volta”, sugere Cheng.
A equipe estima que o diâmetro de 2017 OF 201 seja de 700 km, o que o tornaria o segundo maior objeto conhecido em uma órbita tão ampla. Para fins de comparação, o diâmetro de Plutão é de 2.377 km. Observações adicionais, possivelmente usando radiotelescópios, são necessárias para determinar o tamanho exato do objeto.
Potenciais implicações da descoberta
Os investigadores descobriram o objeto celeste como parte de um projeto de pesquisa em andamento para encontrar TNOs e possíveis novos planetas no Sistema Solar externo. O objeto foi identificado pela localização de pontos brilhantes em um banco de dados de imagens astronômicas do Telescópio Victor M. Blanco e do Telescópio Canadá-França-Havaí (CFHT).
Na tentativa de conectar todos os grupos possíveis desses pontos que pareciam se mover pelo céu da mesma forma que um TNO, a busca empregou um algoritmo computacionalmente eficiente. Assim, verificou-se 2017 OF201 em 19 exposições diferentes, capturadas ao longo de 7 anos.
Segundo os especialistas, a descoberta tem implicações significativas para a compreensão do Sistema Solar externo. A área além do Cinturão de Kuiper, onde o objeto está localizado, era considerada essencialmente vazia, mas a descoberta da equipe sugere que isso não é verdade.
Da mesma forma, muitos TNOs extremos têm órbitas que parecem se agrupar em orientações específicas. No entanto, 2017 OF201 se desvia disso. Por muito tempo, o agrupamento dos TNOs foi interpretado como evidência indireta da existência de outro planeta, o Planeta X ou Planeta Nove, contudo, a descoberta do novo planeta-anão como um objeto atípico em tal agrupamento poderia potencialmente desafiar essa hipótese.
“2017 OF 201 a apenas 1% do seu tempo orbital perto o suficiente de nós para ser detectável. A presença deste único objeto sugere que pode haver cerca de outras centenas de outros objetos com órbita e tamanho semelhantes; eles estão muito distantes para serem detectáveis agora”, observa Cheng. “Embora os avanços nos telescópios tenham nos permitido explorar partes distantes do universo, ainda há muito a descobrir sobre o nosso próprio Sistema Solar”.
Fonte: Galileu
Deixe a sua opinião sobre o post